quarta-feira, 5 de abril de 2017

Garimpagens inesperadas!

Quando menos se espera ...

"Garimpeiros" no Antigomobilismo baiano temos muitos!

Apaixonados pelo segmento, talentosos, profundos conhecedores, bem relacionados e sempre atentos às oportunidades.

Fácil apontar os grandes "mestres do ofício": Marco Medeiros, Lício Caldas, Fernando do Veteran, Reis do CFB, Rai da "Alfizinia", Fábio do COB, Naldo do Reboque, etc, sempre com novidades e inacreditáveis descobertas.

Bom olho, dicas pertinentes e grande "network" fazem parte desse universo!

A descoberta do raríssimo  Puma GT 4R, por Lício Caldas, é um incrível exemplo desse contexto e, sozinha, já vale um livro!

Puma GT 4Rodas

Para quem não conhece essa história, um resumo: Lício pegou um atalho no bairro que morava para fazer uma compra e achou, inadvertidamente, a carroceria do incrível Puma, feito sob encomenda para a Revista Quatro Rodas, para um famoso - e único - sorteio no início dos anos 70. 

Estava literalmente no "mato" e foi adquirida com a verba que ele levava nas mãos. O tênis ficou para outro momento! Rsrs


Vale lembrar que essa jóia poderia ser confundida com uma sucata qualquer, sem valor e sem potencial de resgate!

Conheçam a odisséia do GT 4R clicando AQUI!

Além de todas as características descritas, outro fator é determinante: sorte, a mesma que acompanhava Lício naquele atalho!

Longe de serem a raridade que ele garimpou, me "bati" com dois exemplares interessantes na mesma semana, por pura coincidência - ou sorte - o que acabou gerando o interesse de fazer essa postagem.

Procurei uma Honda Tornado, encomenda para trabalho no interior, e acabei achando uma ...

XL 250R

Lançada em 1982, a XL da Honda representava o que havia de melhor no segmento trail no mundo e encantou toda uma geração pela beleza, porte, desempenho e resistência! 


Com índices progressivos de nacionalização, os primeiros exemplares traziam muitos componentes japoneses, mas, todo o conjunto impressionava, com ênfase para a suspensão Pro-Link - amortecedor único na traseira - e para o design inovador.


Para mim foi um encontro significativo e inesperado, por dois motivos: a - tive o prazer de adquirir uma 1982, das primeiras que chegaram na Mesbla Motos, e considero uma das melhores que pilotei; b - jamais imaginei encontrar um exemplar tão preservado, após 33 anos de uso, fora as de possíveis coleções.

Um encontro de arrepiar, agregado a muita nostalgia!

Puma Tubarão - 1975 

Última edição dessa incrível série, encontrei o Tubarão estacionado perto de casa e anunciado pelo para-brisa!


Sou fã desse design, admirador das icônicas - e raras - rodas "tijolinho" e apaixonado por um modelo similar e muito famoso: o Tubarão de Campêlo, campeão invicto dos inesquecíveis Kms de Arranque.


Quem tiver interesse de resgatar esse belo exemplar, pode pescar o número no anúncio ou dar um pulinho no Acupe de Brotas, endereço da fera!

O importante é garimpar, resgatar e/ou divulgar, para que belas oportunidades permaneçam em boas mãos!



Como chama?

"Bug" do Milênio?

O universo da tecnologia conhece muito bem essa expressão, que tornou-se o grande pesadelo da virada do século! 

A incógnita sobre as consequências da entrada do ano 2000, em relação aos sistemas operacionais e programas que estavam limitados à contagem 1999, tirou o sono de muita gente da TI - Tecnologia da Informação - e milhares de usuários. 

A expressão bug, no sentido de falha na programação, ganhou uma evidência mundial e conhecimento até para leigos.

Bug da Década?

Primeira expressão que ouvi e li sobre os rústicos veículos que, criados para as dunas californianas, iniciavam uma conquista mundial, de inegável simpatia e tremenda aceitação.

Lembro, como se fosse hoje, do encantamento causado pelo incrível "Besouro Verde" apresentado pelas páginas da revista Quatro Rodas, oferecido como Kit para revolucionar os Fuscas da época e ampliar os conceitos de diversão automotiva!


Quem tinha acesso às revistas importadas dos EUA - não era meu caso - já conheciam e sonhavam com o conceito, iniciado com a criação do Manx (em 1962) pelo californiano Bruce Meyers. 

Criador e "criatura" - Foto: Hemmings.com


Esses leitores - uma minoria - já conheciam a expressão original: 

Dune Buggy

O formato do Manx, um dos mais copiados no mundo, é uma referência desde sempre e até hoje! 

Quem duvida, pode tentar lembrar do desenho animado (1973) do conceituado estúdio Hanna- Barbera, que chamava-se Speed Buggy e, curiosamente, tinha profunda semelhança com outra série de sucesso: Scooby-Doo


Alguns felizardos trouxeram os Kits na bagagem e espalharam o conceito pelo Brasil, até que a tradicional Glaspac adquiriu os direitos locais e tornou-se o primeiro "Buggy" fabricado no país!

A primeira menção que li sobre a expressão original foi na Revista AutoEsporte de 1969, que ajudou muito na popularização do conceito.

Scan: Site Lexicar Brasil

A matéria sobre o Bug - o "Besouro Verde" de minhas memórias - na Revista Quatro Rodas apresentava o primeiro exemplar nacional, desenhado pelo genial Anísio Campos (também pai do Puma). E o instigante conceito de Kit, que poderia renovar os Fuscas envelhecidos ou acidentados.

Vale lembrar que o Tropi Kadron foi o primeiro "Bug" nacional registrado no GEIA - Grupo Executivo da Indústria Automotora.

Claro que a juventude da época comprou a idéia, pela sensação de liberdade, investimento baixo e possibilidade de renovar alguns combalidos VWs, sem esquecer de que havia três pacotes diferentes para que se adaptassem a diferentes "bolsos"!


Mas a multiplicidade de expressões estava lançada, e ia "piorar"! (rsrs)

Acredito que ajudaram nessa diversificação o plural de Buggy - Buggies - e as tentativas naturais de aportuguesar a expressão, como Bugue e Buguie.

Surgiu também outra expressão, aparente consequência da fonética (som efetivo) e influência de capítulos da história brasileira: 

Bugre!

Apelido - de caráter pejorativo - dado aos indígenas por alguns colonizadores europeus, no sentido de "bárbaros e não cristãos", a expressão Bugre apresenta indiscutível semelhança fonética com Buggy/Bug/Bugue/ Buguie.

Apesar da origem discutível e politicamente incorreta, o brasileiro deu uma "rasteira" no preconceito e assumiu a expressão Bugre como sinônimo de rusticidade, resistência, mestiçagem e, principalmente, respeito pelo nativo que faz parte da etnografia nacional.

Simultaneamente, e com grande efeito na popularização de mais essa expressão, uma empresa do Rio de Janeiro registra Bugre como marca. 

O modelo escolhido para essa estreia, e que continua no portfólio até hoje (com pequenas alterações), também é cópia do pioneiro Manx.

Bugre I - Foto: Lexicar Brasil

Afinal, qual a expressão correta?

Buggy, Bug, Bugue, Buguie ou Bugre?

Resposta em apenas uma palavra: todas! Rsrs

Essa postagem surgiu pela natural curiosidade e, principalmente, polêmica em relação ao tema.

Alguns amigos divergem, mas, todas as expressões são democraticamente aceitas e, claro, sofrem variações regionais.

A expressão Bugre, por exemplo, é muito popular no Rio de Janeiro (acredito que em função da marca), na Bahia - testemunho pessoal - e Sul do país.

Para vocês terem uma noção, o Jornal  Correio Brasiliense sé reconhece a expressão Bugre, pois está no VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - da Academia Brasileira de Letras. 

Essa é a expressão que usa em matérias do segmento, como, por exemplo: O veículo foi solicitado pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio) – responsável pela administração da área –, que também disponibilizou quatro picapes, quatro quadriciclos, dois bugres e três barcos para as buscas.

Enfim, não importa a expressão favorita de cada um, o que vale é a essência desses incríveis veículos, que "ensina", principalmente, o respeito pela diferença e diversidade!

Pessoalmente, prefiro as expressões aportuguesadas - Bugue ou Bugre - pois a indústria e design nacional são referências mundiais.

Até as caricaturas/personagens são ímpares, como no trabalho de nosso grande amigo e designer Maurício Morais! Rsrs


E viva as diferenças!
   

quarta-feira, 29 de março de 2017

Chegar e Partir!


"São só dois lados da mesma viagem"

Milton Nascimento e Fernando Brant

Quase seis meses após a última postagem, e sem tempo até para acompanhar as estatísticas do blog, fui surpreendido por números impressionantes nas visualizações!


Observem que desde setembro de 2016 houve um acréscimo notável, com dezembro quebrando o recorde absoluto  - 8.216 - e média mensal de 6.791 visualizações.

Vale lembrar que o recorde anterior era de 6.661 registros, em junho de 2011, quando o blog ainda estava em plena atualização.

Realmente um grande alento nesse momento que repenso a participação no antigomobilismo, tudo em função de algumas decepções, frustrações, alteração de prioridades e restrições no tempo disponível.

Em respeito ao antigomobilismo - paixão desde sempre - e aos que acompanham esse hobby descompromissado sob a forma de blog, resolvi agregá-lo-lo à outra iniciativa: 

Z Garage
(Garagem de Zeuxinho)

De forma muito resumida, estamos formando um grupo de amigos/parentes, apaixonados pela história e pelo antigomobilismo, para dar continuidade a algumas iniciativas. 

Dividindo tarefas e aproveitando o cada um pode fazer de melhor, progrediremos mais rapidamente, sem que haja sobrecarga para nenhum de nós.

 Aguardem mais detalhes!

Antes de passar, em definitivo, a coordenação dos blogs que estão parados - Pit Stop Bahia, Opalas SA, Kadron SA,  Minimax e Pulga SA - pretendo publicar oito postagens que já estão "engatilhadas" e há muito abandonadas:

Garimpagens inesperadas

Z Garage

Caravan Diplomata 1986 

Garagem Freitas

3 Bugres Kadron e 1 sonho

Doação da alguns Veículos Antigos

Novos rumos do Veteran Car Club - Bahia


Depois dessas publicações, vou me concentrar apenas na gestão de divulgação, ajudar na recuperação de garimpagens e contribuir com  esporádicos artigos nos blogs, que passarão a ter redação coletiva.

Vamos conferir e continuar viajando no Universo do Antigomobilismo!