terça-feira, 6 de julho de 2010

Rastro de Onça

Peteleca?

Quem vivia em Salvador nos anos 70 deve lembrar da famosa Peteleca, suçuarana - ou onça parda - que fugiu do Zoológico e  circulou por meses nas matas da Barra, Ondina e muitos outros bairros. Provocou medo em alguns, curiosidade na maioria e atiçou a imaginação das crianças, que chegavam a organizar "expedições de caça".

Infelizmente, por motivo de segurança, foi abatida pelo comentarista e ex-deputado Luis Sampaio e jaz empalhada no museu do zoo. Sua epopéia marcou tanto a cidade que chegou a receber votos na eleição da época.


Vocês devem estar imaginando a razão dessa lembrança e a resposta é muito simples: foi localizado um novo "rastro de onça".

A boa notícia é que, desta vez, o final da história promete ser feliz! 

Explico: a suçuarana, ou onça parda, felino poderoso e solitário, é mundialmente conhecida como Puma.


Depois de 20 anos "entocada", outra "fera" famosa foi finalmente localizada! 

A primeira pista foi uma "pegada" característica - jante das décadas de 70 e 80 que equipavam os Biancos e outros carros da época - com um pneu exótico e uma gravação no mínimo inquietante: exclusivo para competição.


Era um pneu Maggion, modelo slik (sem ranhuras), que oferece o máximo de aderência em pista seca. 

Realmente a "caçada" prometia! 

Seguindo o rastro da fera, facilitado pelo cheiro de gasolina de alta octanagem para aviões, não demorou muito para encontrar a toca que acolheu uma hibernação de tantos anos.


Para os que ainda não adivinharam, mesmo depois de tantas dicas, tenho o privilégio de comunicar que o antigomobilismo esportivo está em festa: 

O famoso Puma de Campêlo foi localizado!


Após incontáveis vitórias nas competições de arrancada, o Puma modelo tubarão aposentou-se - invicto - e foi recolhido numa garagem perto do aeroporto. 

Muito bem preservado, apresentava algumas marcas naturais do tempo. Tinha ainda o número adesivado na porta, registro da época em que "pintava o sete" nas pistas. 

Podíamos notar resíduos de cola dos outros adesivos, que representavam os patrocinadores do carro e das provas. Só um detalhe destoava naquela histórica cena: estava sem a incrível mecânica que assombrava os adversários!


Apresentado a Campêlo, construtor e piloto do mítico puminha, tive a oportunidade de testemunhar o valor e o cuidado dedicado ao motor da fera: estava devidamente desmontado e guardado no próprio guarda-roupa, juntamente com todas as peças retiradas do carro durante o processo de "emagrecimento". 

Aliviar o peso - retirando os componentes supérfluos - é um dos primeiros procedimentos na preparação dos bólidos de corrida.


Agora, a melhor notícia de todas: 
Campêlo convenceu-se de que este marco do automobilismo baiano deve ser exposto e festejado.

A fera já saiu da toca!


Em processo de restauração - é o carro do segundo desafio - breve teremos novidades.

Com todas a peças "aliviadas" aparentando estado de zero km, seria muito fácil montar um exemplar original, candidato a placa preta (veículo de coleção), mas que graça teria?

Além do mais, a história do automobilismo na Bahia, apesar de ainda subvalorizada, é inalienável!


Aguardem futura postagem com algumas informações e curiosidades da preparação. 

Vocês sabiam que muitas pessoas afirmam que a fibra foi lixada até o limite, sobrando apenas uma fina camada (bolha), com o objetivo de reduzir ainda mais o peso?

Será que é verdade?

11 comentários:

  1. PUTZ QUE BELEZA!!!

    Acho que esse carro merecia placa preta como está, ou seja, um carro de corridas original, não como saiu da fábrica, mas já que foi transformado e idealizado a mais de 30 anos para competições, deveria receber uma placa preta.

    De qualqer forma, essa iniciativa de trazer à vida um icone do automobilismo é fantastica. Quem sabe daqui uns meses ele não aparece no encontro mensal do Veteran??

    UB

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  2. Grande Ulisses,

    Realmente estamos vibrando com o resgate. Breve teremos a oportunidade de conhecer, ou rever, esse incrível tubarão. A caixa de marcha e o motor já sairam do guarda-roupa e estão indo para a montagem.

    O legal da história é que o apelo sobre as feras do antigomobilismo esportivo deu resultado! Já temos notícias de dois outros bólidos. Breve teremos novas postagens com mais detalhes.

    Um grande abraço,

    Carlos Seixas

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  3. Olá Carlos, conheci seu blog por um post seu lá no blog do Felipe Nicoliello. Parabéns pela descoberta e restauração do Puminha #7. Vou seguir seu blog e já coloquei o link no meu. Dê um pulinho lá pra conhecer meu espaço. Abs, Maurício Morais.

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  4. Grande Maurício,

    Obrigado pelo comentário e apoio!

    Sou grande admirador de seu trabalho, que também conheci através do blog de Felipe.

    Vou incluir o seu link para que on nossos amigos possam conhecer seu espaço.

    Um grande abraço,

    Carlos Seixas

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  5. Parabéns Carlos,
    Pessoas como você e Felipe, é que nos incentivam a levar a sério nosso hobby.
    Abraço, Fernando Portilho.

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  6. Valeu Fernando!

    É a união de todos nós que fortalece o antigomobilismo e evita (ou minimiza) que belas jóias caiam no ostracismo.

    Obrigado pelo apoio. Conto com suas visitas, comentários e sugestões.

    Um grande abraço,

    Carlos Seixas

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  7. Cara Parabéns pelo blog,

    Meu nome é Raphael Soares sou de Salvador acompanhei os pegas de campelo x conrrales e a história deste puma me interessa muito.
    Estou competindo em SP, em Interlagos, na Classic Cup com um Passat nº 76. No futuro vou montar um Puma com motor AP.
    Tenho um blog sobre automobilismo, peço autorização para por um link do seu blog lá e se achar conveniente põe o link do meu aqui.
    http://automobilismobaiano.zip.net

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  8. Olá, Será que você sabe quando ocorreu a fuga da onça peteleca? Sou estudante e faço uma pesquisa sobre este fato. Gostaria de ter uma data mais precisa. Ana
    analuana2004@yahoo.com.br

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    1. Olá Ana,
      Lamento não poder dizer exatamente a data, pois apenas vivenciei - ainda na infância - aquele frisson que a fuga de Peteleca causou na cidade. Lembro-me que ela ficou rondando os bairros próximos à Ondina por algum tempo, até ser abatida no segundo semestre (talvez setembro) do início dos anos 70.
      Se eu fosse projetar, apostaria em 1972.
      Espero que consiga a informação e gostaria muito de ler sua pesquisa, afinal, ela povoou o imaginário das crianças da época e foi uma das mais votadas na eleição daquele ano!
      Um abraço!

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    2. Olá Ana,
      Lamento não poder dizer exatamente a data, pois apenas vivenciei - ainda na infância - aquele frisson que a fuga de Peteleca causou na cidade. Lembro-me que ela ficou rondando os bairros próximos à Ondina por algum tempo, até ser abatida no segundo semestre (talvez setembro) do início dos anos 70.
      Se eu fosse projetar, apostaria em 1972.
      Espero que consiga a informação e gostaria muito de ler sua pesquisa, afinal, ela povoou o imaginário das crianças da época e foi uma das mais votadas na eleição daquele ano!
      Um abraço!

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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